Antecedentes
Sendo a então Capitania da Bahia governada por D. Fernando José de Portugal e Castro (1788-1801), a capital, Salvador, fervilhava com queixas contra o governo, cuja política elevava os preços das mercadorias mais essenciais, causando a falta de alimentos, chegando o povo a arrombar os açougues, ante a ausência de carne.
O clima de insubordinação contaminou os quartéis, e as ideias nativistas que já haviam animado Minas Gerais, foram amplamente divulgadas, encontrando eco sobretudo nas classes mais humildes.
A todos influenciava o exemplo da independência das Treze Colônias Inglesas, e ideias iluministas, republicanas e emancipacionistas eram difundidas também por uma parte da elite culta, reunida em associações como a Loja Maçônica Cavaleiros da Luz
Os 6 pontos da conjuração baiana eram:
-Abolição da Escravidão; -Proclamação da República; -Diminuição dos Impostos; -Abertura dos Portos; -Fim do Preconceito; -Aumento Salarial.
Ideias
Seu principal líder foi Cipriano Barata, conhecido como médico dos pobres e revolucionário de todas as revoluções. Há grande influência da sociedade maçônica (cavaleiros da luz) e do processo de independência do Haiti ou haitianismo.Os revoltosos pregavam a libertação dos escravos, a instauração de um governo igualitário (onde as pessoas fossem vistas de acordo com a capacidade e merecimento individuais), além da instalação de uma república na Bahia e da liberdade de comércio e o aumento dos salários dos soldados. Tais ideias eram divulgadas sobretudo pelos escritos do soldado Luiz Gonzaga das Virgens e pelos panfletos de Cipriano Barata, médico e filósofo.
A revolta
Em 12 de Agosto de 1798, o movimento precipitou-se quando alguns de seus membros, distribuindo os panfletos na porta das igrejas e colando-os nas esquinas da cidade, alertaram as autoridades que, de pronto, reagiram, detendo-os. Tal como na Conjuração Mineira, interrogados, acabaram delatando os demais envolvidos.Um desses panfletos declarava:
- "Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais." (in: RUY, Afonso. A primeira revolução social do Brasil. p. 68.)
A repressão
Durante a fase de repressão, centenas de pessoas foram denunciadas - militares, clérigos, funcionários públicos e pessoas de todas as classes sociais. Destas, quarenta e nove foram detidas, a maioria tendo procurado abjurar a sua participação, buscando demonstrar inocência.
Finalmente, no dia 8 de Novembro de 1799, procedeu-se à execução dos condenados à pena capital, por enforcamento, na seguinte ordem:
- soldado Lucas Dantas do Amorim Torres;
- aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira;
- soldado Luís Gonzaga das Virgens; e
- mestre alfaiate João de Deus Nascimento.
- a cabeça de Lucas Dantas ficou espetada no Campo do Dique do Desterro;
- a de Manuel Faustino, no Cruzeiro de São Francisco;
- a de João de Deus, na Rua Direita do Palácio (atual Rua Chile); e
- a cabeça e as mãos de Luís Gonzaga ficaram pregadas na forca, levantada na Praça da Piedade, então a principal da cidade.
Os demais envolvidos foram condenados à pena de degredo, agravada com a determinação de ser sofrido na costa Ocidental da África, fora dos domínios de Portugal, o que equivalia à morte. Foram eles:
- José de Freitas Sacota e Romão Pinheiro, deixados em Acará, sob domínio holandês;
- Manuel de Santana em Aquito, então domínio dinamarquês;
- Inácio da Silva Pimentel, no Castelo da Mina, sob domínio holandês;
- Luís de França Pires em Cabo Corso;
- José Félix da Costa em Fortaleza do Moura;
- José do Sacramento em Comenda, sob domínio inglês.
- Pedro Leão de Aguilar Pantoja degredado no Presídio de Benguela por 10 anos;
- o escravo Cosme Damião Pereira Bastos, degredado por cinco anos em Angola;
- os escravos Inácio Pires e Manuel José de Vera Cruz, condenados a 500 chibatadas, ficando seus senhores obrigados a vendê-los para fora da Capitania da Bahia;
- José Raimundo Barata de Almeida, degredado para a ilha de Fernando de Noronha;
- os tenentes Hermógenes Francisco de Aguilar Pantoja e José Gomes de Oliveira Borges, permaneceram detidos por seis meses em Salvador;
- Cipriano Barata, detido a 19 de Setembro de 1798, solto em Janeiro de 1800.
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