quinta-feira, 31 de maio de 2012

História: Império Napoleônico - parte II

Implantação do Império Napoleônico

O reinício das guerras em 1803 propiciou a proclamação do Império. O perigo nacional foi aproveitado por Napoleão, que se fez imperador hereditário. Nova Constituição surgiu para a legalizar o fato (1804). Outro plebiscito confirmou a instituição do Império. Uma nova corte foi formada: a família imperial, os grandes dignitários, marechais da França, grandes oficiais da Coroa. A etiqueta era minuciosa, como no Antigo Regime.

Em 1804 o poder imperial era absoluto. Foi sagrado religiosamente pelo papa em Paris. Criou-se uma nobreza imperial com os títulos tradicionais. A hierarquia de títulos correspondia à hierarquia de funções,  governo tomou-se despótico, mais ainda do que o dos antigos reis. As Assembléias foram suprimidas.

O Tribunato e os Corpos Legislativos perderam suas funções. Após 1809, Napoleão passa a determinar os impostos a serem cobrados. Não foram respeitadas as liberdades individuais ou políticas. As prisões arbitrárias se sucediam. A liberdade de imprensa foi anulada.

A intervenção estendeu-se à educação. A Universidade Imperial monopolizava o ensino superior. As disciplinas consideradas perigosas para o regime tiveram seus programas alterados: História e Filosofia. A política religiosa buscava dar apoio legal ao regime. O catecismo, ao mesmo tempo, ensinava os deveres para com Deus e o Imperador. Procurou colocar o papa sob sua tutela a serviço de sua política. A recusa papal em integrar-se na política internacional de Napoleão levou-o a perder seus Estados, sendo internado em Savona (1809). Os bispos que tomaram o partido do papa foram perseguidos e privados de suas dioceses.

O descontentamento geral progredia. A burguesia opunha-se à perda de liberdade e às perseguições políticas. As guerras arruinavam a economia e os portos. O restabelecimento de antigos impostos indiretos sobre vários produtos irritava os contribuintes. As guerras requeriam a continuidade da convocação obrigatória para o Exército. Os jovens procuravam fugir ao serviço militar.

Política econômica do Império Napoleônico

O Código Civil foi seguido pelos Códigos Comercial e Penal. A economia da França foi impulsionada.
Os camponeses proprietários produziam mais nos seus campos que outrora. Essa prosperidade explica seu apoio ao regime. Igualmente, a indústria foi estimulada.
Numerosos trabalhos, iniciados pelo Consulado, foram completados: abertura de canais, reconstrução dos portos, construção de estradas, embelezamento de grandes cidades.

Política externa do Império Napoleônico

O reinício das guerras em 1803 implicou uma luta contra a Inglaterra, Rússia e Áustria, unidas na Terceira Coalizão (1805). Os ingleses venceram no mar, em Trafalgar, mas os austro-russos foram derrotados em terra (Austerlitz). A Áustria foi expulsa da Itália. Na Alemanha foi criada a Confederação do Reno, que substituía o Santo Império, sob a tutela francesa. A Itália foi totalmente submetida ao poder de Napoleão. Em 1806, formou-se a Quarta Coalizão, tendo a Prússia sido batida em lena e a Rússia em Friedland. Pela Paz de Tilsit, a Prússia foi desmembrada e o czar tomou-se aliado de Napoleão.

Contra a Inglaterra foi decretado o Bloqueio Continental, tentativa de enfraquecer a economia inglesa, obrigando todos os países europeus a fecharem seus portos ao comércio inglês. O início da conquista da Península Ibérica abriu novos campos de conflito. Em 1809 os austríacos retomaram as armas, mas, vencidos em Wagram, sofreram novo desmembramento.
O poder napoleônico encontrava-se no seu apogeu. Toda a Europa Ocidental lhe foi submetida; o exército era bem organizado, numeroso, quase imbatível.  Uma ameaça séria se apresentava. A intervenção francesa provocou o surgimento de rebeldias nacionalistas, principalmente na Prússia.

A aliança entre franceses e russos foi rompida em 1812, porque os russos não puderam manter por mais tempo o bloqueio ao comércio inglês, muito importante para a Rússia. Napoleão invadiu este país, venceu a Batalha de Moscou, mas o inverno obrigou-o a uma retirada desastrosa.

A Prússia e a Áustria se uniram à Rússia, vencendo Napoleão em Leipzig (1813) e invadindo a França no ano seguinte. Paris foi tomada pelos aliados, que restabeleceram a Monarquia deposta em 1792: Luís XVIII foi obrigado a aceitar o Tratado de Paris.

Napoleão, feito prisioneiro, foi transferido para a Ilha de Elba, de onde evadiu-se um ano depois (março de 1815), retomando o poder. Reorganizando suas forças, chocou-se com a última coligação em Waterloo, na Bélgica, onde foi vencido e aprisionado pelos ingleses, que o exilaram na Ilha de Santa Helena, onde veio a falecer.

Luís XVIII foi restaurado pela segunda vez, O Império estava findo. O Congresso de Viena (1814-1815) reorganizou o mapa político da Europa, conturbado por Napoleão. O equilíbrio foi estabelecido entre as grandes potências européias: Áustria, Prússia, Rússia, Inglaterra. A Alemanha e a Itália permaneciam divididas, e a Inglaterra adquiria a supremacia marítima e colonial.  Para preservar a paz na Europa, surgiu a Santa Aliança, liga dos Estados europeus que visava evitar outro cataclisma idêntico à Revolução Francesa e seu produto máximo: Napoleão.



Conclusão

O Império Napoleônico foi produzido pela própria Revolução Francesa. O Império foi a última fase da Revolução que, abalada pelos extremismos, recorreu à centralização do poder. Nesse momento, Napoleão encarna os ideais nacionais, representados pelos interesses da burguesia. Suas obras de restauração econômica, administrativa e religiosa demonstram isso.

A crise do Império Napoleônico surge pela conjugação da política de opressão econômica interna, que lhe vale a oposição da classe responsável pela sua ascensão ao poder, com as guerras dispendiosas, que trazem a oposição geral da nação.
Enquanto os êxitos militares se mantiveram, o Império Napoleônico durou.

O seu fim tem início com os primeiros tropeços militares. O Bloqueio Continental prejudicou os países europeus submetidos à França mais do que os submetidos à própria Inglaterra: de fato, os primeiros estavam fechados dentro da própria Europa; os últimos, dominando os mares, podiam encontrar novos mercados consumidores para a produção inglesa bloqueada na Europa.,

A Revolução Francesa foi difundida por Napoleão. Suas idéias de igualdade, liberdade e regime republicano de governo foram implantadas em vários países. O Antigo Regime, abalado nos seus alicerces pela Revolução na França, também estava ameaçado na Europa pela expansão do Império Napoleônico.

Daí a reação dos Estados absolutos em várias coligações sucessivas, até a vitória final sobre Napoleão e a própria Revolução. A reação do Antigo Regime foi organizada pelo Congresso de Viena e realizada pela Santa Aliança.





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